A procrastinação é um problema bem comum para a maioria das pessoas. Todos nós algum dia já postergamos uma atividade sem uma razão específica além do nosso desinteresse em realizá-la. Muitas pessoas acreditam trabalhar melhor quando tem pouco tempo para as atividades e estão pressionadas. Diferentemente do que pensamos, o ato de procrastinar não tem a ver com a gestão do tempo, mas sim com questões do nosso comportamento e até das estruturas do nosso cérebro.
Uma pesquisa na Alemanha comparou cérebros de procrastinadores e não procrastinadores usando ressonância magnética. Foi descoberto que as pessoas procrastinadoras têm uma amígdala maior que faz parte do sistema responsável por nossas vontades de fugir ou lutar. É como se toda vez que procrastinamos estivéssemos enviando uma mensagem ao nosso cérebro de que queremos evitar sentimentos ruins, e então essa amígdala aumenta de tamanho.
Outra descoberta importante de um psicólogo da UCLA nos Estados Unidos verificou que o nosso cérebro vê nosso “futuro eu” como vê as outras pessoas, já que as mesmas partes do cérebro se iluminam nos dois momentos.
Essas informações levaram os pesquisadores a concluir que quando enfrentamos uma tarefa que apresenta tédio, frustração ou medo, o sistema límbico se acende e a amígdala substitui o córtex pré-frontal, que é onde ocorrem as funções executivas do cérebro relacionadas ao controle dos impulsos, ao planejamento, e a organização. Portanto, as pessoas que possuem essa amígdala mais desenvolvida e dominante são mais procrastinadoras.
Por mais que isso pareça algo muito científico e distante de ser administrável por nós, uma pesquisa da Universidade de Pittsburgh revelou que o controle das emoções das pessoas pode ocorrer a partir da prática da atenção plena. Essa prática levaria ao encolhimento da amígdala e, portanto, a redução da procrastinação. A prática da atenção plena enfatiza a importância da consciência dos julgamentos desprovidos do fator emocional com referências no passado e no futuro, focando apenas no presente.
A conclusão desses estudos é que a partir do momento em que utilizamos a prática da atenção plena e agimos para realizar as nossas tarefas temos total condição de evitar a procrastinação de forma natural e alcançar melhor performance no nosso trabalho. Essa é uma das muitas descobertas que evidenciam o quanto as empresas e as estratégias de recursos humanos podem se beneficiar dos avanços da ciência para desenvolver políticas específicas e mensuráveis para gestão de pessoas.
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*Ricardo Missel é sócio da Missel Capacitação Empresarial, Administrador, Especialista em Design Estratégico e Finanças Empresariais