Empresas com mentalidade ambidestra

Por Ricardo Missel

A sustentabilidade de uma organização no longo prazo depende não apenas da sua capacidade de inovar através de seus produtos, mas de ampliar a inovação para a perspectiva da criação de novos negócios. Para manter uma empresa funcionando em um mercado globalizado e com novos concorrentes oriundos de todos os lugares, a inovação precisa evoluir do nível incremental (aquela inovação que impacta os produtos e serviços já existentes) e precisa evoluir para o nível transformacional (quando o foco está no desenvolvimento de novos negócios, não necessariamente relacionados ao core business atual).

A empresa ambidestra é aquela que consegue manter a boa performance e desempenho de seus produtos e serviços já consolidados e ao mesmo tempo consegue inovar também o seu modelo de negócio, adaptando as estratégias e os planos de ação para atingir uma outra fatia de mercado ou um novo público a partir de soluções diferentes daquelas que produz e que já são reconhecidamente bem-sucedidas.

Esse tipo de evolução só é possível quando a empresa alcança uma maturidade institucional no que diz respeito a inovação. O principal indicativo para essa maturidade é a compreensão de que a inovação precisa vir de todas as áreas da empresa e não apenas de um setor ou de um responsável. Esse entendimento multiplica a capacidade de inovar, já que aumenta o número de pessoas colaborando com o processo e abre possibilidades para que essa inovação ocorra também no mercado e seja incorporada a empresa. Um exemplo disso é a aquisição de startups e fusões e aquisições.

É claro que tanto as lideranças quanto o ambiente precisam facilitar essa realidade, a partir de práticas que encorajam a participação dos colaboradores até a criação de ambientes que facilitem a ideação e deem condição para a experimentação. Além disso, o reconhecimento e as iniciativas de gestão de pessoas precisam reforçar que a inovação é uma condição básica para o negócio, não apenas no desenvolvimento dos produtos e serviços, mas também das formas de enfrentar os desafios do dia a dia e de criar soluções para os problemas do negócio.

As empresas ambidestras têm a clareza de que o seu modelo de negócio tem validade e precisa ser revisto e renovado de tempos em tempos, e que o parâmetro para isso precisa ser capacidade de inovar da própria empresa. Agir em função dos movimentos de mercado é uma estratégia perigosa e que limita a capacidade de resposta, deixando o negócio vulnerável aos novos entrantes e as inovações dos concorrentes.

Cada vez mais a inovação deve ser compreendida como a única saída para manter os negócios atuais, mas principalmente como resposta a realidade de que a validade dos modelos de negócio é menor e mais vulnerável a cada dia.

Imagem: freepik

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