Economia circular – um novo mindset profissional

Quero compartilhar a minha percepção de que não vamos parar de falar sobre as transformações globais nas próximas décadas, pois esse tem sido o tema mais abordado na maioria dos eventos organizacionais. É por isto que hoje quero me alongar um pouco para falar sobre mais uma transformação importante no mundo organizacional, que está direcionando a trajetória de diversas empresas e trazendo no seu escopo inovações estratégicas e comportamentais. Estou me referindo a economia circular.

Antes de mais nada, vamos entender o que ela é, porque está se desenvolvendo tão rapidamente, qual o seu propósito e, principalmente, qual o impacto no comportamento dos profissionais, dentro e fora das organizações.

Todos nós já sabemos o quanto as empresas estão preocupadas com o Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança) – ESG – que são considerados os 3 principais fatores para avaliar a sustentabilidade e o desempenho financeiro potencial de uma empresa. Esta preocupação se tornou fundamental em função do impacto das mudanças climáticas e sociais nos mercados à nível global. A mudança de hábitos e prioridades da população por um consumo mais consciente e busca por empresas que respeitem o meio ambiente e o impacto social do negócio, além do maior interesse e benefícios para os investidores, tornou as empresas com políticas relacionadas a economia circular mais reconhecidas e até mesmo mais valorizadas no mercado.

Porém, em um mundo de transformações constantes, fica evidente que ser sustentável não é mais suficiente. As empresas que desejam acompanhar os modelos de negócio no atual cenário empresarial e realmente contribuir para uma sociedade e um planeta melhores, precisam se inserir na economia circular.

Segundo uma pesquisa realizada em 2019, nos Estados Unidos, quase 80% dos consumidores americanos preferem comprar produtos de marcas reconhecidas como regenerativas do que aquelas que são apenas sustentáveis. A ReGenFriends, plataforma global que promove práticas regenerativas de negócios, publicou um estudo que revela que os entrevistados acreditam que as organizações “sustentáveis” apresentam uma posição passiva e deveriam ser mais ativas para acelerar o processo de reversão dos danos causados ao meio ambiente.

As indústrias consideradas regenerativas têm foco na retroalimentação, ou seja, na redução do descarte de poluentes e outros materiais no planeta por meio da geração de novas aplicações.

No Brasil, este conceito não é novidade para muitas empresas que já praticam a economia circular, mas nem todas usam desse termo. A Cargill Brasil, por exemplo, reduziu a quantidade de plástico nas suas embalagens de óleo vegetal, eliminando 161 toneladas de plástico anualmente. Em gases de efeito estufa, isso representa 390 toneladas a menos lançadas na atmosfera. Outro exemplo é o Parque Linear de Uberlândia, em Minas Gerais, que há 3 anos construiu uma ciclovia com concreto sustentável desenvolvido pela Universidade de Uberaba, que tem na sua composição parte da areia substituída por borracha de pneu inutilizável, reduzindo o impacto para quem anda na via. Agora, está testando a durabilidade e se houve perda de resistência.

Estamos falando de uma relevante transformação na estratégia e cultura organizacional, com impacto nas atitudes e no mindset dos profissionais, em especial de suas lideranças. Tenho percebido que desenvolver e manter motivadas as equipes inovadoras em empresas de economia circular é consequência das atitudes e posturas adotadas pelas suas lideranças.

Trago aqui algumas práticas fundamentais, desenvolvidas pelas lideranças e alinhadas às atuais demandas do mercado e das empresas em uma economia circular. O sucesso destas práticas são mais frequentes nas empresas em que seus líderes possuem o mindset de crescimento, termo definido por Carol Duwek ao se referir as pessoas que veem suas habilidades como possíveis de serem desenvolvidas a partir de dedicação, estudo, treinamento e esforço. É a visão de mundo em que tudo pode ser aperfeiçoado.

Noto através dos meus estudos e acompanhando algumas empresas inseridas nesse modelo de economia circular, que elas têm nas práticas de liderança e gestão de pessoas algumas características em comum, que são:

  1. Fail fast, learn faster – novas ideias “não conversam” com comando e controle, nem com culto ao erro ou busca pelos culpados. Este modelo de liderança ultrapassado estimula equipes inseguras e dependentes.
  2. Reconhecimento e atenção genuína às pessoas – liderança humanizada, a prática da empatia, o diálogo, o feedback construtivo e um verdadeiro interesse pelas pessoas.
  3. Empowerment e autonomia – equipes de alta performance precisam ser desafiadas e preparadas para assumir novas responsabilidades.
  4. Incentivo ao upskilling (novos conhecimentos para as mesmas atividades) e reeskilling (aprender novas habilidades) para o aperfeiçoamento constante.
  5. Equipes colaborativas – incentivadas pela liderança e relacionamentos saudáveis, um bom ambiente de trabalho, compreensão do impacto das atitudes nas outras áreas, pessoas e no ambiente corporativo.

As pessoas têm grande relevância para o sucesso desse processo através das práticas de upskilling e reskilling. E mais: a adesão das equipes na implantação dos processos de inovação exigidos em uma economia circular passa pela habilidade das lideranças em praticar a gestão colaborativa ao longo desta jornada.

imagem: freepik / vectorjuice

*Simoni Missel é Sócia Diretora da Missel, Psicologa, Coach Executiva e Especialista em Gestão de Pessoas.

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