Estudos mostram que a capacidade de aprendizagem na escola se torna mais efetiva se o professor tiver atitudes mais afetivas com os seus alunos. Se levarmos esta mesma afirmativa para o ambiente organizacional, ela também é verdadeira.
Poderemos entender o funcionamento de um treinamento organizacional com vários módulos que ocorrem de forma recorrente, também chamado de educação continuada. O instrutor (professor ou facilitador) deverá fazer uma conexão interpessoal com os participantes, promovendo a empatia. Desta maneira, será oportunizada maior dedicação às tarefas e consequente aprendizagem. A pessoa pode se sentir compreendida, aceita e ajudada a superar os próprios desafios, como por exemplo, alguma dificuldade na aprendizagem de um determinado tema, mudança de atitude ou comportamento. Quando o participante superar um determinado desafio, o elogio se torna bastante significativo, pois ele perceberá o passo que foi dado. É muito gratificante quando olhamos para trás e conseguimos enxergar o caminho trilhado. Consequentemente, o afeto é determinante para o sucesso do processo de aprendizagem.
O instrutor deverá buscar estratégias diversificadas para mediar o aprendizado, pois as pessoas são diferentes uma das outras. Desta maneira, o tipo de afetividade empregada na relação entre o instrutor e o participante do treinamento, deve ser condizente com o “jeito” de cada um, de forma humanizada e individual.
Deverá haver uma certa conexão de pensamento, ideais, objetivos e valores com cada participante, pois cada pessoa tem a sua personalidade, história de vida, trajetória profissional e conhecimentos adquiridos ao longo da vida, diferentes de cada um. Esta conectividade permite que as pessoas consigam ampliar os seus horizontes e consequentemente facilitar a aprendizagem. Mas para isto deve haver grande habilidade do instrutor para entender cada participante. Não é só entrar na sala de aula, “dar o recado”, e no final achar que funcionou tudo muito bem. Por isto, para ser um professor ou instrutor, a pessoa deverá ter habilidade para tal.
Por exemplo, no futebol, o técnico do Grêmio Renato Portaluppi utiliza uma técnica interessante com a equipe de jogadores antes de um jogo importante. Ele projeta um vídeo com lances bem-sucedidos de vários jogos e comemorações feitas pelos próprios jogadores em campo. No vídeo está inserida uma música que toca a alma dos jogadores. Muitos se emocionam e até choram. “Até choram?” O choro não é apenas uma expressão da tristeza, ele pode ser a expressão da emoção, algo que tocou o coração e pode fazer com que seja conectada a garra, a ambição de vencer, ao trabalho de equipe. E pode ser o determinante para uma vitória na competição com outro time.
Podemos fazer um paralelo com um gestor, onde a habilidade de proporcionar uma conexão emocional e afetiva com a sua equipe pode fazer toda a diferença. Ele deve ter a percepção de quando deve se posicionar e cobrar com maior intensidade e quando deve ser mais afetivo. A possibilidade de a equipe alcançar os objetivos propostos e as metas, se tornará mais presente.
O indivíduo precisa reconhecer as próprias dificuldades, perceber as potencialidades, enxergar a possibilidade de aprender com o erro cometido, abrir o campo de visão e perceber que existem soluções que nunca teria sequer pensado em outro momento. Com esta atitude, terá a possibilidade de aprender qualquer coisa, desde que tenha interesse e motivação para tal. É necessária uma mudança de mindset (modelo mental). Não é fácil, pois cada vez mais a complexidade está presente nas nossas vidas.
Uma das competências importantes e muito requisitadas neste momento disruptivo é a capacidade das pessoas aprenderem qualquer coisa. Aprender o quê? Qualquer coisa que venha pela frente.
Então vamos à luta!