Por Ricardo Missel
Baseado no Artigo “The elements of good judgement”, da Revista Harvard Business Review
No mundo corporativo, regido pelas regras de incerteza, volatilidade e flexibilidade, muitas das decisões complexas precisam ser tomadas levando em consideração fatores menos tangíveis do que números, relatórios, previsões e informações claras. Alguns fatores combinados a experiência, conhecimento e intuição precisam formar uma capacidade de julgamento que, em muitas vezes, são o ponto crítico da tomada de decisão nas organizações.
Julgamento é a capacidade de combinar as competências pessoais com conhecimentos e experiências, para tomar decisões em momentos onde as informações e incertezas não são suficientes para formar opiniões definitivas. É a nossa capacidade de, na ausência de certezas e dados concretos, tomarmos decisões com base em nossa capacidade de interpretar o contexto e utilizar o bom senso.
Essa é uma habilidade construída a partir de conhecimentos e experiências positivas e negativas que, independentemente do sucesso ou fracasso, foram analisadas e interpretadas de maneira construtiva, com intuito de aprendizado a partir dos acertos e, principalmente, dos equívocos.
Profissionais que desenvolvem atividades relacionadas às questões estratégicas do negócio, em grande parte do seu dia, precisam tomar decisões nesse patamar onde o cenário se mostra incerto e complexo e as informações por si só não são suficientes para conclusões assertivas. São CEOs, diretores, presidentes, que agem a partir de um bom senso e capacidade de julgamento desenvolvidos ao longo de muitas experiências. Além disso, esses profissionais também desenvolvem o processo decisório a partir de algumas atitudes específicas para essa função.
Podemos destacar 5 atitudes desses profissionais que tem a habilidade de realizar bons julgamentos. São práticas que apoiam a tomada de decisão e fortalecem a assertividade de quem precisa utilizar o bom senso como fator crítico de sucesso na hora do julgamento. São elas:
1 – Ouça com atenção e leia com crítica.
Tomar decisões de forma precipitada pode gerar erros irreversíveis e catastróficos. Para evitar esse tipo de problema, o exercício da escuta deve ser muito bem desenvolvido. E quando se fala em “escutar” significa “escutar com toda atenção merecida”.
Para agir com bom senso é fundamental que se ouça quem tem a contribuir de forma construtiva, e que se estude e aprofunde com pessoas e informações o tema a ser analisado. O maior equívoco de um julgamento é desconsiderar opiniões e informações importantes na tomada de decisão.
Grandes líderes constantemente exercitam a busca de informações e conhecimento através de pessoas e ensinamentos, têm seus conselheiros ideias e, quando não tem as respostas, sabem com quem e onde encontrá-las. Além disso, a escuta ativa e a interpretação da linguagem corporal são importantes ferramentas.
2 – Confie em si e busque diversidade, não validação.
Quando alguém precisa realizar um julgamento, enquanto estiver construindo seus pontos de vista, precisa ir em busca de opiniões diversas, ao invés de buscar afirmações sobre o que pensa que está certo. São os contrapontos que formarão uma opinião bem estruturada e possível de ser defendida.
Portanto, selecionar as pessoas e informações corretas não está relacionado à encontrar alguém que concorde com você, mas em confiar em pessoas com credibilidade e experiência suficientes para colaborar na tomada de decisão.
3 – Considere sua experiência, mas não a utilize para antecipar julgamentos.
O fator experiência é de grande valia no desenvolvimento do bom senso e de bons julgamentos. Entretanto, é fácil acreditar que as soluções possam parecer as mesmas que já deram certo antes, e perder de vista os detalhes de cada situação.
É importante saber que, não importa o quanto você já viveu, você sempre terá algo a aprender de uma situação. Sendo assim, esteja aberto a rever seus aprendizados de experiências e preparado para assimilar novos conhecimentos, por mais clara que a decisão correta possa parecer.
4 – Identifique e desafie diferentes pontos de vista.
Crie situações onde você pode conhecer diferentes pontos de vista em relação à determinado julgamento. Isso pode ser feito através de dinâmicas de grupo, análises de campo, grupos focais. Essas são formas de analisar abordagens sobre um problema e entender diferentes formas de solucioná-lo.
Quando você consegue visualizar diferenças e preconceitos fica mais fácil de reduzir incertezas e construir soluções menos arriscadas. Use a criatividade para que os insights possam nascer de outras cabeças além da sua.
5 – Questione argumentos até que pareçam bastante convincentes.
Argumentos fracos podem ser facilmente desconstruídos com um pouco de pressão sobre os dados e informações. Por isso é importante confiar nas fontes para ter certeza de que se está no caminho certo. Tenha seus aliados e diversifique suas ideias.